Além das escadas, soluções inimagináveis para todos os mistérios sob o teto de carvão. Abóbada longínqua desde o piso ordinário, ensebado; caprichosamente sujo.
A porta de saída, na verdade, fora a próxima cena; conta da Japamala retornada na infinitude da forma.
Não é o vazio das ruas, nem suas gentes toscas que agora vejo. De perto, grotescos sulcos impregnam a superfície da tela e nela está marcada a entrada do scriptorium.
Olusco não é o nome, mas ocluso. Este é o termo que em magenta se insinua no traçado pueril das letras pintadas na tábula inclinada pelo peso do pincel.
Agora entendo a sinuosidade das escadas, a incerteza dos sentidos na experimentação do tato, a fuga para além das portas, o reconhecimento dos rostos em cubos.
Ocluso! – Sussurrou novamente o zelador já no vazio distante – enquanto repito incessantemente, como um recado que devo transmitir e não posso esquecer: scriptorium ocluso!
Caminho não sei se para dentro ou para fora, não vejo portas. Agora é o vazio e o frio das paredes que roçam meu corpo, regelando os ossos.
Corro como um alucinado e no desvario tudo se mistura: o mosaico do piso, as portas abertas, as vozes misturadas ao assobio do vento, a cabeça da moça da loja e seu cérebro minúsculo, a muralha, o tempo.
Com um rangido, uma porta abre-se diante de mim. Sob uma viga sustentada por duas colunas romanas: a porta do scriptorium.
por Sérgio Araújo
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