domingo, 26 de dezembro de 2010

Não é nenhuma luz do sol

não é nenhuma luz do solAgora olhava a vastidão da caatinga e seus galhos, como braços retorcidos, sapecados, arranhando a paisagem.

O circulo se fechou unindo à ponta do Saara. E toda a tempestade é um canto varrendo as nuvens supostamente postas no céu de gifs replicantes.

As marcas da praça ampla a me olhar, sozinho, posto no vão aonde sopram os violinos cavando valas na superfície do vento.

Não é nenhuma luz do sol aquele reflexo que te dei numa tarde, cansado de ver os barcos quando estava no cais das caravanas.

Aquele som antigo,

Mãe Terra,

Aquarela.

Blue de cítara,

Atabaque

Baque, bac, back, baq.

E não há outro mundo para me espelhar. Apenas o mar, camaleão engalanado para a eternidade.

 

por Sérgio Araújo

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Na plenitude do dia

Fábrica dos Espelhos (Factory of Mirrors) by Artur Manuel Rodrigues Cruzeiro-Seixas.Como posso na plenitude do dia

Catar versos tão maduros?

Alguns agarraram-se a mim

Como a um pai zeloso.

Outros, colhi como frutas maduras.

Há os que correm, aflitos, olhando a retaguarda.

Os que parecem ter sempre estado aqui ao meu alcance.

Uns simplesmente explodem sobro os outros

Espalhando suas partes,

Imagens que se agregam com facilidade

Na extensão dos signos

Já plenos de si.

 

por Sérgio Araújo

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O céu sobre o campo

4033270031_8dc11f86e4O campo coberto de céu nunca morre

Se a grama seca

A raiz toca as nuvens no seu anverso.

O céu espelha a grama sobre o campo

E molha o solo do universo.

E eu quero conversar

Olhando nos meus olhos

Que refletem as nuvens sobre o campo.

Já não posso chorar

Para não molhar o campo sob o céu.

Basta que eu seja um homem

E possa olhar o campo e o céu

No limite do horizonte

Tênue, traço constante.

 

por Sérgio Araújo