Se no vão do meu olhar incerto,
Da minha conta aberta na atmosfera
Sou um pássaro na chuva
Nesta praça insana.
Um ponto
Num canto do mundo.
por Sérgio Araújo
Se no vão do meu olhar incerto,
Da minha conta aberta na atmosfera
Sou um pássaro na chuva
Nesta praça insana.
Um ponto
Num canto do mundo.
por Sérgio Araújo
Tarde infinita
Besouros circulam sobre a cabeceira da cama
Indiferentes
Como se andassem sobre as notas desta música fria
Solidão de tarde de domingo
Incertezas
E minha voz
Fria
Vazia
Solo de saxofone
No silêncio solúvel
Na palidez do azul entre os galhos.
por Sérgio Araújo
O espírito do tempo não é um fantasma, uma assombração.
Não senhor!
Ele é um vazio cheio de recordações.
Ele impregna essas paredes com suas marcas,
Arrasta suas correntes de datas,
Farfalha nas janelas os seus galhos de folhas secas.
Sussurrando como o vento,
Ele aperta o nosso peito nos tirando o ar.
Nos diz dos feitos e desfeitos,
Do paradoxo de ser o que não se é
Não sendo o que se foi, sempre.
Ele charla, nos convida a dançar
E como um louco,
Perdido em sua própria dança
Outra vez nos faz criança.
por Sérgio Araújo
Foto: By Raaden