sexta-feira, 13 de março de 2009

Ecos!

 A arte é realmente necessária. Quando fiz este cartão, aí por volta de 1985, eu trabalhava em um misto de gráfica e agência de publicidade. Me foi pedido um cartão de Natal, só que geralmente os cartões deste tipo são muito parecidos: bolinhas, sinos, figuras bíblicas, etc. Eu resolvi inovar e fiz dois tipos: um é este aí de cima. O outro, eu já não tenho mais. O certo é que os cartões fizeram o maior sucesso e foi preciso fazer várias tiragens.
Neste cartão, eu juntei um poster pop do artista plástico Martin Sharp com o autoretrato de Van Gogh e no verso, o poema: continuidades de Walt Whitman.
No balão há uma citação de Van Gogh: i have a terrible lucidity et moments when nature is so glorious in those days i am hardly concious of myself and the picture comes to me like in a dream...
Eis o poema de Whitman:

Continuidades

Nada nunca jamais está perdido
ou pode ser perdido:
nenhuma forma, identidade, nascimento,
nenhum objeto do mundo,
nem vida ou força ou qualquer coisa visível;
não devem as aparências deter
nem a esfera em mudança confundir
o seu cérebro.
Amplos são os espaços e o tempo,
amplos os campos da Natureza.
O corpo lerdo, envelhecido, frio
- brasas restantes de antigos fogos,
esmaecida luz nos olhos -
há de outra vez flamejar como deve;
o sol agora baixo no poente
levanta-se em manhãs e maios-dias
contínuos;
aos canteiros cobertos de gelo
retorna sempre o invisível código
da primavera,
com relva e flores, grãos e frutos
de verão.

Walt Whitman

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