Então, ela via aquelas pessoas passando e repetindo gestos conhecidos, aquelas situações que há muito observava e que as devolvia, quase sempre, envoltas em metáforas para purificar a praça.
Uma espécie de dèjá vu em espiral. Agora ela compreendia que o retorno é eterno. As unidades vão e vêm para ocupar os papéis definidos: um arlequim, uma colombina, um palhaço de esquina, um líder, um zé ninguém…
Zulmira, a dama dos ratos, podia mudar seu destino e romper com o script original mas estaria apenas assumindo outro papel no teatro ao lado; na peça alheia que maternalmente lhe acolheria.
Ela se aquece agora na fogueira enquanto os mascarados avançam com suas tralhas e pretextos. O próximo ato flutua sobre as cortinas como uma nuvem, psicodélica nuvem de velhas tempestades.
Um encontro consigo na confusão da rua. Entre cacos e restos de tudo: um olhar que não vê, uma lembrança descabida e Zulmira perdida na noite fria.
por Sérgio Araújo
Faz-nos pensar tanto... O ator em nova cena, noutra peça, em diferente palco, poderia repetir a personagem(?)
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