sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O caçador I

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Quando abriu os olhos, ainda ofuscados pelas luzes intensas do “carrossel”, conseguiu perceber que estava diante de um paredão imenso e belo. Figuras em alto-relevo cercadas de hieróglifos contando histórias que, em breve, poderia observar em toda a sua integridade sem a intervenção de um narrador nunca imparcial.

O ocre em pedra sulcada pelo tempo era muito diferente do cinza encorpado da ultima parada na R.A. de Düsseldorf.  Novo erro na  transferência. Não deveria estar ali observando as tiaras de antigos Faraós e deuses compenetrados.

Deslizando o dedo indicador sobre o teclado negro do console, Mechthild interrompeu o sinal sonoro e desejou firmemente que esse erro fosse um dos incontáveis acidentes já previstos na complexidade do algoritmo da sala 404.

Mechthild olhou firmemente para o assistente e, confirmando uma pergunta que ninguém ouvira naquela sala, deu a ordem para o lançamento do caçador, cuja missão era repassar ao “estrangeiro” as instruções para resolver o problema nas transferências.

Não era uma tarefa fácil. O caçador tinha que se manifestar na realidade alternativa como um elemento nativo que, por sua vez, provocaria uma ação consciente do estrangeiro após perceber o fato como uma intervenção do LHC.

Em segundos, o caçador foi lançado. O estrangeiro ainda admirava a beleza da arquitetura antiga e nem percebeu quando, no meio de uma coluna de caracteres que dividia cenas que exaltavam a magnificência do Nilo, o olho de Hórus mostrava a direção a seguir para o único encontro, no único momento possível para a comunicação salvadora.

por  Sérgio Araújo

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