sábado, 23 de janeiro de 2010

Devaneio

The_intruder_by_manleyaudio

Acordou cedo.

Olhou em volta e não viu ninguém.

Não viu a nova máquina,

O olho que lhe vê.

Sua conta na rede,

Seu retrato na parede.

Ele não viu você.

Não viu o dinheiro dos outros,

O sangue na cidade;

Ele não viu a maldade.

Não viu os cabelos dela,

Seu visual progressivo,

A conta em cima da mesa,

A lata de cerveja.

Não viu o herói da tela,

As algemas no bandido;

Não viu a fita amarela,

Nem o choro, nem a vela.

Não viu que não via algures,

Enfiou-se na escuridão do sono

E sonhou contente.

Sonhou com aguardente,

Recitou seus poemas de cor e salteado,

correu sobre os telhados.

Não viu que podia ver,

Onde está você,

Aonde vai o rio

E sua correnteza.

Não viu que, deveras, a sua riqueza,

Era agora a sua cegueira,

Sua nobre visão no devaneio.

 

por Sérgio Araújo

4 comentários:

  1. Linda poesia!

    Parabéns
    Continue abrilhantando as paginas do Dihitt

    ResponderExcluir
  2. Soube levar o poema muito bem e concluiu com um final pra ninguém por defeito!

    ResponderExcluir
  3. hello... hapi blogging... have a nice day! just visiting here....

    ResponderExcluir

Obrigado pela visita!