Eu quero a utopia!
Não a ilha,
Mas a certeza do incerto,
A prova do improvável.
Eu quero Vênus, Marte e Júpiter,
Quero a Terra no futuro
Sem leis e sem grades,
Sem fome, crime e dinheiro;
Sem políticos, sem trapaça,
Sem a ilusão da religião.
Eu quero esta utopia.
Sem início e sem fim;
Sem crença e sem esperança.
Eu quero uma utopia
Como um poema de Emily Dickinson,
Como um pássaro que se equilibra num fio.
Eu quero utopia,
Literatura,
Poesia.
Quero sentir a tez da tela,
O odor das formas
E a cor do vento.
Quero Heráclito, Nietzsche e Foucault,
Quero a historia do porvir
Tatuada pela máquina de kafka
Numa esquina da Névski.
Macunaíma na Bahia,
Castro Alves e John Donne
Numa Lanhouse de periferia.
Eu quero o aço, o vidro e o carbono,
Supermáquina,
Gadgets, widgets e applets.
Quero androide na minha porta
Com a pizza da madrugada.
Andar se pagar passagem,
Sem o meu, sem o teu,
Leaves of grass!
Quero os loucos na praça,
E os generais como privada de pombos.
Eu quero o ócio criativo,
A escolha digitada.
Eu quero o silêncio
E o barulho do vento nas copas das árvores.
Quero Rock, Blues
E um samba de Batatinha.
Quero utopia, texto, melodia
E não me incomoda a tua censura.
Se “é proibido sonhar…”,
Eu escrevo pra me vingar.
por Sérgio Araújo
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