terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Utopia

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Eu quero a utopia!

Não a ilha,

Mas a certeza do incerto,

A prova do improvável.

Eu quero Vênus, Marte e Júpiter,

Quero a Terra no futuro

Sem leis e sem grades,

Sem fome, crime e dinheiro;

Sem políticos, sem trapaça,

Sem a ilusão da religião.

Eu quero esta utopia.

Sem início e sem fim;

Sem crença e sem esperança.

Eu quero uma utopia

Como um poema de Emily Dickinson,

Como um pássaro que se equilibra num fio.

Eu quero utopia,

Literatura,

Poesia.

Quero sentir a tez da tela,

O odor das formas

E a cor do vento.

Quero Heráclito, Nietzsche e Foucault,

Quero a historia do porvir

Tatuada pela máquina de kafka

Numa esquina da Névski.

Macunaíma na Bahia,

Castro Alves e John Donne

Numa Lanhouse de periferia.

Eu quero o aço, o vidro e o carbono,

Supermáquina,

Gadgets, widgets e applets.

Quero androide na minha porta

Com a pizza da madrugada.

Andar se pagar passagem,

Sem o meu, sem o teu,

Leaves of grass!

Quero os loucos na praça,

E os generais como privada de pombos.

Eu quero o ócio criativo,

A escolha digitada.

Eu quero o silêncio

E o barulho do vento nas copas das árvores.

Quero Rock, Blues

E um samba de Batatinha.

Quero utopia, texto, melodia

E não me incomoda a tua censura.

Se “é proibido sonhar…”,

Eu escrevo pra me vingar.

 

por Sérgio Araújo

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