Observava tudo ao seu redor com a argúcia de quem investiga um crime ou um fenômeno obscuro. Naquela sala podia passear com os olhos pelas ações e reações dos presentes.
Não deixou de notar aquela pessoa que parecia estar pouco à vontade. O que lhe incomodava era um livro. Sim, um livro que, a julgar pelo modo como se comportava, parecia ser um ilustre desconhecido.
Não tinha aquela intimidade de leitor dedicado. Chacoalhava para lá e para cá como se fosse o livro, uma andorinha desvairada. Era um objeto incômodo. Parecia que o volume ardia em suas mãos diante da maneira como se livrava constantemente do objeto.
Levantou-se, em determinado momento, e o fechou de vez. Com um ar de repulsa empurrou o livro para longe e requebrou como se ouvisse um pagode, desses que fazem sucesso no carnaval da Bahia.
por Sérgio Araújo
Amigo Sérgio, uma bela narrativa poética esta que acabei de ler. Gostei muito. Abraços. Roniel.
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