As nuvens pareciam pesadas demais para poder flutuar acima de todas as coisas. O chão sequer sustentava as carapaças ancestrais, ao léu, soterradas no Humo.
Como um retrofoguete, um foco de luz acelerou sobre sua cabeça e ele curvou-se feito artista ovacionado pela platéia da Avant-première. Lá fora não há proteção. O palco é vasto e profundo. Nem a trufa nem a fruta, o fel é o sabor.
Ofuscado pela luz intensa ele vagueia intruso na cegueira alheia e desinteressada. O palco gira e a dança dos rasos irrompe das cortinas rotas como um tropel sôfrego sobrepondo as máscaras a cada salto.
Agora ele é de foz em fora, soluto na imensidão unânime da sua espécie. Não há retorno, apenas o entorno; engenho lúdico que impele a súcia para o vazio.
Meditabundo, a um canto se acomoda. Seu pensamento recolhe as reticências da história e as compila na trama do córtex. Queria poder secretar os juízos e, como panacéia, pulverizar a multidão fazendo arco-íris numa manhã de primavera.
por Sérgio Araújo (foto: deviantart by senicar)
Grande, Sérgio.
ResponderExcluirPra variar, você dá um show. Extremamente plástico o Lá fora. Por um momento visualizei um holofote da polícia batendo no biltre, por outro, um canhão cênico enquadrando a própria existência do sujeito.
Parabéns, meu bom amigo desse também maravilhoso litoral baiano.
Um abraço de seu amigo do sertão caipira,
Alaor Ignácio
Lá fora é a escamoteação daquilo que sonhamos.Ilusão de ótica, tão necessária quanto cruel.
ResponderExcluirUm abraço, Serjão!
sérgio,
ResponderExcluirgrato pelas palavras.
estarei aqui sempre.
grande abraço,
denison