domingo, 20 de setembro de 2009

Releituras

 why_the_moon_came_down_by_erdmute

Cá estou embriagado de verde e suspenso no azul celeste que invade todas as manhãs o meu quarto infestado de palavras. Muitas antigas, umas tantas rebeldes e outras fantásticas como uma ilha perdida ou uma cidade do sol.

Muitas histórias que não escrevi, mas gostaria de Tê-las escrito. A noite fria sob um barco velho na beira do rio, os corpos solidários, o belo nascendo do feio, o particular ampliando-se nas paixões comuns a todos e em todos os lugares.

Viajo solitárias léguas num caminho sem fim para esperar numa estação o meu trem expresso. Sem pão e tostão, vagando no universo das minhas fantasias onde cidades se erguem após as colinas e se estendem pelos campos com seus campanários e edifícios alvos refletindo a luz calma das manhãs.

Admirável é a aurora que se anuncia ainda na torpeza do dia, assim como escolho a leitura na minha estante pela antevisão que o conhecimento da obra me permite.

Eu reconheço as palavras que injetei nas veias e entranharam-se em mim, em cada célula, em cada átomo que agora, aos poucos, vão revelando os processos e eu posso lê-los.

 

por Sérgio Araújo

3 comentários:

  1. Grande, Sérgio.
    "O quarto infestado de palavras" de palavras é uma máxima de quem tem na escrita uma espécie de desejo. E você é uma dessas pessoas, sei lá se "escolhidas", sei lá se escravizadas.
    Dia desses li que aquela desculpa do tipo "quero escrever, mas não sei o quê" não cola. É evidente que não sabemos o que escrever, se nem nós, que seremos autores, ainda não escrevemos, como poderíamos sabê-lo.
    Show essa sua "Releitura". Um grande abraço e um super domingão...

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  2. Patrimônio Imaterial - Os Bregas de Cachoeira. acesse: www.letoooutroolhar.blogspot.com

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  3. Grande Sérgio,

    Cada dia mais me convenço de que todo o ser humano tem um labirinto, um brinquedo fabuloso, uma enorme visão do amor e, lamentavelmente, um Zé Amarelo. Sua crônica traduz a mítica da essência humana: cuja identidade é instantânea.
    Mais uma vez, meu irmão baiano, obrigado pelos seus escritos.
    Abração, um ótimo final de semana e tenha juízo – nem que seja para perdê-lo.
    Alaor Ignácio, caipira paulista.

    Detalhe: o comentário anterior, muito bom, aliás, mas que aparece como meu, não é de minha autoria. Acho que na hora em que fui postar o meu alguém o estava postando, e deu um big-blog-tilt....rs

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