sábado, 1 de agosto de 2009

Monólito

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Eu reconheço este perfume que, de tão íntimo,

Abre janelas na minha previsível singularidade.

Vagando em nuvens de palavras,

Rostos e pedaços amorfos,

Estruturas e monólitos,

A saudade indecifrável.

Teu rosto no rosto de pedra,

Minhas mãos no teu rosto de seda.

Tristeza e alegria.

Parcos ângulos obtusos

Silêncios redondos

Rodopiam na valsa confusa da memória.

Pinçar retalhos de certezas completas

Que já não valem mais

Brinquedos, são o que são.

Afasto agruras,

Deixo passar o beijo, o olhar de desejo,

A noite eterna

E o dia submerso na maciez da pele.

Falas,

Amigos,

Um futuro distante que hoje é presente

E a gente nem sente.

Deixo aberto o portal antropofágico,

A desordem,

O exatamente inverso do que sou

Para soar humano

Na natureza caótica do meu corpo

E na coerência do sonho.

 

por Sérgio Araujo

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