Pensou que podia voltar para casa e escrever sobre aquele gesto novo que nenhum ser humano ainda havia experimentado e que em seu íntimo sabia que existia. Precisava apenas explorar as dobradiças.
Sim! Todo corpo é único e preciso, mas diverso no “eu” que generaliza e submete a determinados signos universais.
Ah! Um gesto cerebral!
Como pode ser? Pensou enquanto gesticulava ligeiramente. Codificar, Eis a solução.
Todo esse gestual concreto pode libertar, - pensou.
Não! Não é possível fazer-se claro aos cidadãos agônicos que em vão perambulam, reticentes em suas retículas ácidas, diagramadas, cada um ocupando o seu espaço programado.
Tentou ouvir sua própria voz, mais uma vez, para saber se ainda podia falar. Olhou em volta e prosseguiu vasculhando rostos, perfis, silhuetas, diodos e dióxidos.
Disse? Não!
Lentamente, como quem é conduzido pela falta de luz, escorregou como um relógio de Dali entre a multidão ácrata e continuou até dissolver-se completamente num ponto.
Codificado, mensurável, agora estava livre para continuar imune aos apelos de um sentimento humano. “Demasiadamente humano”.
por Sérgio Araújo
adorei seu bunner com "palavra" em varios idiomas, muito criantivo
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